Claro que sim
Decidimos voltar para casa nesse início de madrugada à pé. Andar pelas ruas vazias de Berlim, atravessar avenidas e praças, olhando os estabelecimentos comerciais fechados, sem o brilho das luzes das fachadas. Há na noite alguma coisa de fascinante. Parece que uma cidade só pode ser mesmo conhecida assim, sem os barulhos exagerados, sem a correria desenfreada. Na madrugada, qualquer fala é ouvida, as respirações são pulsações presentes, os passos, os carros distantes, os jovens, os loucos, os jovens loucos. Tudo está em exposição. Então andamos por mais de uma hora e meia até chegarmos. Mas Patrícia precisa saber se isso era possível. Atravessou e se voltou aos três policiais em uma esquina perguntando se era de fato seguro, afinal onde estávamos era realmente escuro e sem presenças comuns. O que falava inglês lhe respondeu com um objetivo "claro que sim", olhando-a como quem não entende o motivo da dúvida. Chegamos sem nem perceber qualquer movimento estranho. Chegamos e dormimos. E a únicas coisas que aconteceram foram nossas conversas, nossas pausas para olhar detalhes e o prazer de uma noite fria sem exageros.