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Quinta peça


Desta vez, não fomos para o Haus, teatro onde até então assistimos as peças. Hoje foi no Deutsches Theater. Suas salas sempre apresentam montagens e experimentos interessantes e escolhemos ir também por isso. Também, pois Mittelreich é uma montagem de Munich, e é bacana poder conhecer um pouco além de Berlim. Chegamos. Do lado de fora, um dj coloca algumas músicas, sem causar ensurdecimento, brincando com a percepção do público que aguarda. Vai da música eletrônica à folclórica alemã sem avisar e os sorrisos surgem hora por uma, hora por outra. O jogo funciona nesse diálogo sutil e provocativo a ambos. Aguardávamos Thaís. Mas não deu. Talvez não viesse ou não conseguisse chegar. Levamos conosco seu ingresso e seguimos ao espetáculo. O trabalho reúne música e cena a partir da adaptação de um romance de décadas atrás. Aparenta certo realismo, ainda que a diagramação no palco seja de uma precisão alemã. Ok, óbvio. Mas vocês me entendem, espero. Aos poucos, a história ganha sua complexidade, a narrativa caminha para além do básico, a costura dramática sobrepõe camadas ao que é cantado, aos compositores, aos subtextos e, duas horas e tanto depois, o espetáculo acontece. Foi preciso dar-lhe tempo. Como cabe ao teatro alemão, é fato. E a peça, sem grandes estardalhaços de modernidade, se realiza com eficiência e emoção. Mas, por mais que a estética e apreciação sejam alemãs, nada pode ser mais distante de nós do que a chegada de Thaís. Sem ingresso, atrasada, chegou à porta e informou que nos procurava e que o bilhete estaria comigo. Claro, deixaram-na entrar e ela nos encontrou, sem nem termos nos anunciado. Afinal, por que mentiria?

Foto: Judith Buss

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