Flor Carnívora
Texto: Jô Bilac
Direção: Ivan Sugahara
Elenco: Gabriela Carneiro da Cunha dramamix
Sp Escola de Teatro | 12/11/16 | 20:30
Um panorama geral do gênero introduz uma espécie de Gênesis dos sexos. Como no texto original, estamos em um breu sem mundo. A voz no escuro profundo empresta sentidos ao espaço. O conteúdo da fala surge para revelar os achatamentos que a imagem impõe à compreensão de todos nós que podemos enxergar e racionalizar o que vemos.
A voz, a um só tempo, feminina e sem gênero, narra sem criar objetos definidos, cria clarões de significados. Este não-lugar da retórica empresta radicalidade ao que ali está enunciado. A luz, aos poucos, clareia o mundo. A direção resiste em dar-nos uma figura humana completa, não é fácil para o público agarrar padrões.
Como procedimento, a cena oculta os olhos da intérprete até o instante em que não se pode mais dissimular sua figura. Com a chegada dos olhos surge o reconhecível. Humano e voz encontram-se pela primeira vez e, fatalmente eclode uma ideologia.
O autor, após tão bem objetivada explanação inicial, disseca sua própria fábula em uma luta de classes existencialista. Surge uma assembléia onde plantas elaboram um discurso pautado em seu aspecto fundamental: A diversidade.
Aqui tivemos um breve relâmpago do que pode vir a ser uma cena de teatro, mas o rigor formal, a atriz absoluta em sua atuação e o texto envolto por uma organização teórica clara, fizeram deste Dramamix um acertado vislumbre não de uma reduzida peça de teatro,mas sim da possível primeira cena de um espetáculo que tende ao sucesso, uma vez que se percebe a clareza em relacionar materiais, e a obstinação da equipe em fazer deste trabalho uma experiência completa em seus interesses e comprometida com um teatro bem aconchegado na cena.