Coleção de Abismos
Texto: Drika Nery
Direção: Rafael Bicudo Elenco: Majeca Angelucc
dramamix
SP Escola de Teatro | 13/11/16 | 21h30
Uma única voz, a sua voz, a mesma voz que a mente incessantemente deseja pronunciar,
em busca de um pouco daquilo que podemos denominar um lugar ao Sol.
Como se denomina esse outro, que ao mesmo tempo é espelho e também ser vivente que
tem suas próprias e peculiares vontades.
Do que fugimos Para onde vamos, voltamos ou ficamos...
O que decidimos reunir como espécie de forma de colecionar ou juntar e também o que
escolhemos jogar fora desperdiçar...
Toda a loquela como determina Barthes, na cabeça que não pára de pensar, nem ao menos
deseja assim fazer. Discurso interminável que eu e você em nossas próprias mentes não
conseguimos deixar de estarmos inseridos nele. Medite!
A atriz, no centro do palco, permanece iluminada de forma estratégica para que todo o
decorrer de seu discurso possa enfim culminar na sua coleção de estratégias, como ela diz,
várias delas, que ela chega a ter mestrado em estratégia.
Logo no seu questionamento vem o papel da mulher, que tem como responsabilidade ser
simplesmente detentora de todo um patriarcado e com isso a felicidade da mãe a de ter um
marido explica exatamente a conquista que faz com que ela se revolte e assim, tenha
vontade de quebrar todo um amontoado de xícaras, que estão estrategicamente guardados
dentro da caixa de violino.
Como se a própria mãe sempre fosse aquela que tinha mais capacidade de amar do que ela
mesma, se entendermos a longo prazo, é sempre a outra mãe! Sempre a próxima!
A dificuldade de se enxergar, de enxergar o outro, enxergar o ao redor.
A dificuldade, sem truques a ultrapassar é saber esperar.
Os olhares, velhos e novos conhecidos, a presença cênica em si, que é no palco e no público
e está em todo lugar.
Quando inicia todo o discurso sobre o primeiro dia na rua e toda capacidade de liberdade
nessa caixa construída, que são os pedestres, os vendedores no bar, impossibilitando o
caminhar na multidão devidamente compartilhado, por conta do nome que em
determinado momento recebe, a ANDARILHA. Nesse arsenal de ferramentas constrói aquilo
que denominamos liberdade.
Prezando por escolhas e não planos ela não teve tempo de fazer sentido.
E dentro da caixa de violino, cabe mais uma história do pai que a colocou no conservatório
em nome de se adequar a ele. E sua decisão começa a ser tocar na rua, seu violino, já que
sempre foi viciada em partir, pela simples liberdade de não pertencer a lugar algum e com
isso, sua única estratégia recorrente são as fugas.
A andarilha também como vagabunda, pelo simples fato de ninguém nunca entender
quando uma mulher vai embora.
O abismo da vida, nesse ponto é a própria capacidade de escolher a queda livre e explicita o
fato de que as bolhas nada mais são do que as lágrimas que saíram pelos pés, e com isso no
meio do asfalto em determinado ponto deixam de existir.
Andarilha o tipo que não importa nem ao menos se vê, a mariposa...