Íntimo
Texto: Gabriel Borges
Direção: Lairce Dias
Elenco: Danielle Di Donato, Felipe Calixto, Gabriela Pimenta e Willian Mello
Espaço dos Satyros 1 | 13/11/16 | 01h
O passado não é uma forma. Não que a vanguarda seja obrigação de toda obra (olhemos para “Argumentação Contra a Morte da Arte” – Ferreira Gullar), mas, ainda que não se queira falar do atual, não devemos apresentar uma obra que reponha uma fórmula ultrapassada sem que haja comentário crítico sobre esta escolha.
Foi-se o tempo em que o teatro definiu-se por uma estrela da televisão falando de forma monocórdia para entreter seu público. Este tempo passou na história do teatro brasileiro por conta de avanços formais operados por grupos como Pod Minoga, Asdrubal Trouxe o Trombone (Silvia Fernandes – Panorama do Teatro Brasileiro dos anos 80) e outros, entretanto, o grupo que apresentou “Íntimo”, parece estar desatualizado destas revoluções no teatro contemporâneo. Falta opinião.
O ator contemporâneo precisa saber-se voz de seu tempo para não tornar-se fantoche de estéticas vazias. Um dos eixos da Tecnocracia é a produção de técnicos eficientes, e de competentes realizadores de suas funções, e, na obra, estas qualidades estão simetricamente equivalentes à falta de capacidade em produzir críticas contra as ideologias que cercam o tempo da montagem.
Os atores, enquanto artistas proponentes funcionam como antítese para a frase de Ezra Pound – Os artistas são as antenas da raça –aqui, funcionaram como um indiferente, alienado e narcísico espelho datado refletindo as escolhas formais de um tempo ingênuo demais para configurar obra de arte pertinente. É uma pena que invistam tempo demais em articular suas vozes em detrimento de terem olhado para a realidade urgente que os cerca.