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A Tropa

Direção: César Augusto

Texto: Gustavo Pinheiro

Teatro Sergio Cardoso - SP

Utilizar-se da técnica tradicional dos roteiros, embora enquadre as obras de arte em um lugar deveras seguro, e pouco provável de produzir epifanias, é uma honesta e importante forma de orientar um trabalho digno. A cada três minutos uma virada, uma piada, um aparte. Não há qualquer pecado nestes procedimentos e eu os prefiro a ter que presenciar desamparos pretensiosos. A bem resolvida e responsável montagem evoca, com lenta calma e sutil sedução, importantes pontos de nossa cultura e do contemporâneo brasileiro. Este teatro honesto, pautado no bom enredo e na bem dosada veia crítica, amplifica a ideia que temos da arte. O ótimo elenco parece misturado ao espírito da direção. Não há excessos, bem como não se vê qualquer economia. Montagem que desperta uma estranha luz aos olhos habituados ao teatro comercial. Bem situado como produto de arte, ainda assim bem pautado em valores reais e inclusivos, quase ideológicos, o trabalho acerta em cheio o meio. O meio das discussões que propõe, o meio termo entre radical e vendável, o quase indigesto e o quase digestivo demais. Excelente momento do teatro carioca. Típico teatro bem-acabado, consciente de seu objetivo e funcional em suas determinações. O autor merece atenção. Ao ler seu nome em qualquer guia, curioso entrarei na sala e ficarei satisfeito em poder experienciar mais uma vez a estranha e bem regrada dramaturgia que esse propõe.

foto Elisa Mendes

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